Hoje campeão, Marcus Salerno conta como o Jiu-Jitsu ajudou a superar o bullying
Durante a sua juventude, por volta dos 16 anos, Marcus Salerno era alvo constante de bullying e piadas pelo fato de ser maior que os seus colegas. Num certo dia, seu professor de geografia, teve que separar uma briga entre Marcus e seus colegas, o que acabou deixando ele “furioso” e num ato emotivo Marcus tentou desafiar o seu próprio professor.
Seu professor Leonardo Silveira teve de usar o Jiu-Jitsu para conter um jovem Marcus, que estava nervoso e com raiva por ter evitado a briga com os colegas de classe.
“Foi na emoção que tentei enfrentar meu próprio professor e que hoje é meu amigo, o Leonardo Silveira. Ele usou técnicas de Jiu-Jitsu para me travar e me acalmar, pelo fato de estar chateado com a atitude dele de separar a suposta briga que iríamos ter entre mim e meus colegas. Depois desse ato dele, eu perguntei o que ele tinha feito comigo. Leonardo apenas me disse para comprar um kimono que ele iria me ensinar Jiu-Jitsu e foi aí que comecei a treinar com ele, que era faixa-roxa na época. É uma história engraçada até (risos)”, relembra Marcus, que depois de três meses de treino foi aconselhado a treinar na Gracie Barra Valparaiso, comandada pelo professor Pieze, onde acabou tendo sua jornada até a faixa-preta. Helton Nogueira, também faixa-preta, é mentor de Marcus até nos dias de hoje, onde o auxilia em diversos assuntos sobre Jiu-Jitsu
Seus colegas envolvidos naquela confusão também viraram grandes amigos, que também tiveram a oportunidade de se juntar ao Jiu-Jitsu. Vale citar que um deles acabou virando faixa-preta com uma diferença de alguns meses. É um exemplo de como o Jiu-Jitsu atua como ferramenta de desenvolvimento pessoal.
“Guilherme e Adriano, que estavam naquela pequena confusão da escola, são como irmãos hoje, para mim. Adriano começou a treinar seis meses depois do ocorrido e também virou um faixa-preta. O esporte fortaleceu a nossa amizade, nos aproximou e viramos irmãos. Jiu-Jitsu atua como ferramenta de desenvolvimento pessoal. Aprendi a ser corajoso, enfrentar meus próprios anseios e a ser muito paciente. Sou uma pessoa melhor hoje por conta do Jiu-Jitsu”, destaca Marcus, que pratica Jiu-Jitsu há 14 anos.
Com a faixa-preta na cintura desde 2016, Marcus tem sido um caçador de medalhas do circuito competitivo da International Brazilian Jiu-Jitsu Federation (IBJJF), onde já acumula medalhas importantes nos principais torneios.
“Competir nos traz muitas experiências legais. Você tem mais domínio sobre si próprio, passa a entender melhor o corpo e a mente. É acima de tudo um estudo de autoconhecimento. Você acaba percebendo os seus limites e, por muitas vezes, percebe que estava errado ao dizer que ‘só dava para chegar até ali’. A competição mostra que você pode ir além, disputar um torneio de Jiu-Jitsu transforma sua vida por completo. Mesmo quando você perde, você aprende, você evoluiu. Em alguns casos, uma derrota traz um nível de maturidade emocional muito grande para você. Você enxerga valor em todas as coisas”, reflete o campeão da Gracie Barra. Em temporada para competir nos Estados Unidos, Marcus aproveita para analisar as diferenças entre Brasil e a Terra do Tio Sam no quesito treinamento. Em sua visão, os americanos são mais adeptos a parte da metodologia. “No meu ponto de vista a intensidade dos treinos são praticamente os mesmos. Eu diria que no Brasil nós somos mais criativos na hora da luta e aqui, nos EUA, a galera segue mais o passo a passo. Sou abençoado de ter muitos amigos com alto nível de Jiu-Jitsu perto de mim. É, sem dúvida alguma, uma experiência incrível. Uma vez que aqui as pessoas dão um imenso valor e apreciação para o seu Jiu-Jitsu. Eles conseguem entender o valor de ser um especialista na sua profissão e, como atleta, o valor que eles dão a nós aqui é imenso! Isso me motiva a continuar trilhando o caminho das competições”, encerra Marcus.
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